O livro reverencia a memória dos africanos que morreram durante a vinda forçada ao Brasil antes de serem vendidos e foram enterrados no cemitério do Largo de Santa Rita, zona central do Rio de Janeiro, que funcionou até 1774. A história destes "pretos novos", expressão que designa os recém-chegados trazidos pelo tráfico negreiro, é contada por João Carlos Nara Júnior de forma transdisciplinar, integrando questões historiográficas, arqueológicas, geográficas, urbanas, filosóficas, teológicas e políticas. O texto assume Santa Rita como um “des-lugar”, que se mostra um proveitoso campo de estudo das fronteiras – étnicas, territoriais e outras que houver.
A obra descreve como acontecia a saída do escravizado da África para o Atlântico, analisa o estatuto da escravidão, a prática comercial no século 18 e o choque cultural decorrente. A vida dessas pessoas “é narrada desde a captura no interior da África, passando pela transferência à América e por sua redistribuição no Brasil. Em seguida, seu corpo morto, carregado no banguê da Misericórdia, é conduzido para a matriz de Santa Rita, onde era encomendado pelo pároco, antes do enterro no Terreiro da Prainha. Os olhos desse indivíduo experimentaram a privação da paisagem natal, o terror do mar, a surpresa do Novo Mundo, a escuridão que se avizinha de todos os vivos.” O livro, que apresenta a tese de doutorado de Nara Júnior, é ricamente ilustrado com mapas, tabelas, gráficos, desenhos e pinturas, bem como traz um apêndice documental com abundantes dados arquivísticos. Segundo o autor, “por meio de seus remanescentes arqueológicos, os pretos novos podem alçar a sua voz silenciosa para fazer parte, pela primeira vez, da memória brasileira.”
Fronteiras da Escravidão
Da África ao Cemitério de Pretos Novos de Santa Rita no Rio de Janeiro
João Carlos Nara Júnior
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R$ 32,00
Livraria | |
Link_PDF | https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/646548/Fronteiras_escravidao.pdf |
Páginas | 470 |
ISBN | 9786556764269 |
Processor | |
Ano | 2024 |
Editora | Senado Federal |