Para Além da Ilicitude: O Cotidiano de Pessoas Comuns a partir de Documentos da Inquisição Portuguesa, de Ronaldo Manoel Silva, é um livro que enriquece a bibliografia especializada sobre a atuação do Santo Ofício em Portugal e no Brasil, contribuindo para o conhecimento de uma instituição que nunca foi consensual, constituiu uma forma de prestígio para quem a serviu e sempre atuou como um instrumento de disciplinamento social. A obra reúne casos únicos que se tornam ainda mais relevantes tendo em conta a representatividade, num tempo, num espaço e num grupo social. A partir de 22 processos, que envolveram várias dezenas de pessoas provenientes da Europa, da África e da América, tornando clara a mobilidade geográfica voluntária e forçada durante os séculos XVI-XVIII, o leitor conhecerá homens, mulheres e crianças, leigos e eclesiásticos, brancos e negros, escravos e livres, com diversas ocupações profissionais, culpados e inocentes na ótica dos inquisidores, de acordo com o conceito de crime de então, tendo como exemplos sodomia, bestialidade, bigamia, magia e judaísmo.